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“O Impeachment”: obra alagoana resgata importante episódio da história política do estado

Longa-metragem dirigido pelo saudoso Pedro da Rocha retrata a violenta votação pelo impeachment do governador Muniz Falcão

Quando se fala em impeachment, é impossível imaginar diversas figuras políticas armadas até os dentes, prontos para a guerra. Contudo, foi exatamente isso o que aconteceu durante a votação para exonerar o ex-governador de Alagoas Muniz Falcão do seu cargo. Esse faroeste político da vida real é a história retratada em “O Impeachment – Setembro, 1957, Sexta-Feira 13”, do saudoso cineasta alagoano Pedro da Rocha, exibido na noite deste domingo (19) no 13º Circuito Penedo de Cinema.

O longa-metragem é centrado na figura de Muniz Falcão, um advogado e jornalista alagoano que governou o estado entre os anos de 1956 e 1961. Durante seu mandato, em 1957, Falcão sofreu um processo de impeachment, cujos principais motivos alegados eram os embates altamente violentos entre o grupo político que o apoiava e aquele que fazia oposição ao governo.

Espectadores assistiram atentamente ao episódio da história alagoana retratado no longa. Crédito: Bruno Vieira

O ponto chave do processo de impeachment sofrido por Muniz Falcão foi a votação para deflagrar sua exoneração, ocorrida em 13 de setembro de 1957. Aliados e opositores apareceram na Assembleia Legislativa de Alagoas fortemente armados, e o dia foi marcado por um conflito trágico. A barbárie culminou na morte do então deputado Humberto Mendes, sogro de Muniz Falcão.

A exibição do longa-metragem foi sucedida por um debate com o ator e roteirista Tairone Feitosa e o jornalista e historiador Geraldo de Majella. Na ocasião, os convidados responderam a questionamentos sobre o contexto histórico em que se passa o filme, e como o cenário de violência política retratado na narrativa pode ser equiparado aos dias de hoje.

“O Impeachment – Setembro, 1957, Sexta-Feira 13” é o último título de Pedro da Rocha, falecido em 2021. Com mais de 20 filmes produzidos, o cineasta é um dos maiores nomes do cinema alagoano. Nascido em Junqueiro, em 1957, coincidentemente o mesmo ano da votação do impeachment que sua obra relata, dedicou sua vida à produção audiovisual.

A produtora do filme e viúva de Pedro da Rocha, Vera Rocha, relatou a imensa responsabilidade de trazer à tona uma história praticamente esquecida, mas destacou que o maior desejo do marido era levar conhecimento do povo alagoano para o povo alagoano.

“É de uma importância muito grande trazer esse filme pra cá de forma gratuita, acessível a quem quiser ver. Nós costumamos aprender a história dos outros, enquanto a nossa a gente esquece. Como desejo dele [Pedro da Rocha], a gente trouxe essa história em forma de filme, para que nunca mais seja esquecida”, contou Vera Rocha, afirmando que faz questão de estar presente em todas as sessões de “O Impeachment” que conseguir.

Circuito Penedo de Cinema impulsiona a paixão pela sétima arte nos moradores da cidade ribeirinha

Com programação totalmente gratuita, evento encanta públicos de todas as idades ao tornar acessível a experiência de ir ao cinema

“Eu sou da época que aqui em Penedo tinha dois cinemas, então eu cresci assistindo filme. Trazer isso de volta pra gente é maravilhoso”. A fala é da psicóloga penedense Luciana Gonçalves, de 71 anos, que aproveitou e se encantou com a programação do 13º Circuito Penedo de Cinema.

Assim como Luciana, mais de 5 mil pessoas também aproveitaram a programação do evento, que contou com atrativos para gente de todas as idades. De mostra de filmes infantis a produções que evocam temáticas socioambientais, o Circuito direcionou os olhos da população penedense para as grandes telas do Cine Penedo e do antigo Cine São Francisco, além do telão instalado na Praça 12 de Abril.

Telão instalado na Praça 12 de Abril para a Mostra de Cinema Livre. Crédito: Kamylla Rafael.

Seja abordando temáticas como conquistas femininas, ou discutindo o papel da representatividade nos mais diversos espaços, o evento estimulou diversos penedenses a consumir a sétima arte, como o estudante de psicologia Everton Henrique. Para o futuro psicólogo, ações que possibilitem o acesso ao cinema de forma pública, como o Circuito, são, além de instigantes, necessárias.

“Por um momento, eu esqueci que estava em Penedo, porque isso não é algo tão frequente. É incrível trazer isso pra nossa cidade! Fazer com que várias pessoas se juntem em uma sala pra assistir aos filmes é algo que faz as pessoas se conectarem, se emocionarem juntas”, comentou o estudante, afirmando que esse tipo de iniciativa deveria acontecer com ainda mais frequência na cidade.

Além dos mais de 100 curtas e 14 longas-metragens exibidos durante os sete dias de evento, a programação também contou com a oficina de pré-produção cinematográfica, ministrada pelo ator e diretor Francisco Gaspar, e a oficina de introdução ao stop motion, ofertada pela professora universitária e cineasta Andréa Paiva. Aliás, a oficineira tornou-se diretora de cinema por conta do Circuito Penedo de Cinema.

“Se não fosse o Circuito, hoje em dia eu não seria idealizadora audiovisual. Em 2011, eu era espectadora; em 2016, participei de uma oficina; agora, em 2023, estou aqui, ministrando oficinas para o evento que me fez ser quem sou hoje em dia”, contou Andrea, que já concorre a premiações como cineasta, mas conheceu o Circuito como espectadora.

A professora Andrea Paiva e seus alunos em atividade da oficina de stop motion. Crédito: Nathalia Bezerra.

Seja pela exibição de filmes infantis, socioambientais, de terror, ou qualquer outro gênero, a 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema cativou milhares de penedenses a se apaixonar ou renovar sua paixão pela sétima arte.

Para a pedagoga Lucineide Cassia, que só assistia a filmes em telões de cinema quando viajava para cidades vizinhas, o Circuito proporcionou experiências únicas. Ela conta que assistiu a pelo menos um filme em praticamente todos os dias de Circuito, fazendo do evento parte de sua rotina diária. A profissional diz, ainda, que não vê a hora de poder voltar a assistir às obras no cinema sem precisar sair da cidade que tanto ama morar.

Sala do Cine Penedo manteve-se cheia em todos os dias de evento. Crédito: Kamylla Rafael.

“Meus pais tinham o Cine Penedo antes, mas eu nunca tive. Estou aqui desde a reabertura na segunda-feira, vindo quase todos os dias. A população de Penedo merece algo assim, pra todos os públicos. É simplesmente fantástico”, afirma a pedagoga, sem esconder o entusiasmo.

Exibição de “Angela” levanta debate sobre feminicídio e liberdade feminina 

Filme foi precedido por bate-papo com Hugo Prata, diretor do longa-metragem

Na noite deste sábado (18), o Cine Penedo exibiu o longa-metragem “Ângela”, do cineasta Hugo Prata, que relata a história real do feminicídio da socialite carioca Ângela Diniz pelo seu então namorado, o empresário Raul “Doca” Street. Antes da exibição, os espectadores puderam levantar questionamentos ao diretor do filme, em um bate papo promovido pelo 13º Circuito Penedo de Cinema.

Segundo o cineasta, o desejo de falar sobre o assassinato ocorrido em 1976 veio justamente por não existir nenhum filme a respeito, mesmo com o crime tendo chocado o país e mobilizado diversas causas a respeito do crime de feminicídio, que, à época, ainda não tinha esse nome.

“Quando eu li um pouco a respeito do caso, uma das primeiras coisas que fiz foi buscar um filme que contasse o que aconteceu, e o choque foi imenso quando vi que ainda não existia algo assim. E depois de anos de trabalho, agora tem”, declarou o cineasta.

Hugo Prata, diretor do longa-metragem “Angela”

Além de Hugo Prata, o bate papo também contou com a presença da equipe de “Tia Virgínia”, representada pelo diretor Fabio Meira, a produtora Janaina Guerra e os atores Antonio Pitanga e Daniela Fontan. Como ambos os filmes retratam figuras femininas consideradas “à frente de seu tempo”, o bate-papo percorreu temáticas como empoderamento feminino e os espaços sociais para os quais as mulheres são designadas desde o nascimento.

Logo após a roda de conversa, o longa foi exibido para as mais de 150 pessoas presentes no Cine Penedo. A narrativa gira em torno dos quatro meses de relacionamento entre Angela Diniz e Doca Street, abordando também os conflitos internos da personagem, como a tristeza por ter perdido a guarda dos três filhos e o peso do julgamento social por não querer viver de forma submissa a um homem.

Público da sessão teve a oportunidade de fazer perguntas sobre “Angela” ao diretor do filme.

Nas últimas cenas do filme, é mostrado o assassinato de Angela por Doca, com suas últimas palavras sendo “eu não sou sua”, ao que ele responde “se você não for minha, não vai ser de mais ninguém”. O longa é finalizado com um breve histórico do que se passou após o feminicídio: Doca Street recebeu apenas dois anos de prisão, pois seus advogados usaram como tese a “legítima defesa da honra”. 

Contudo, após pressão social de diversos movimentos pela defesa e direitos das mulheres, em principal o “quem ama, não mata”, a sentença foi revisada e o assassino foi condenado a 15 anos em regime fechado. 

De acordo com Hugo Prata, o foco dado, na narrativa, ao período de relacionamento entre os dois personagens foi algo proposital, de forma que os estigmas que cercavam a socialite antes do namoro, vista sempre como uma mulher vulgar e sedutora, não fossem um ponto de julgamento para o destino trágico de Ângela.

Para a estudante de design Thallycia Lopes, o filme teve muitos pontos positivos, como a construção do personagem principal e suas diversas camadas. “Eu gostei da forma com a qual a retrataram, sendo uma pessoa complexa, com sentimentos diversos e nuances na personalidade, como qualquer pessoa”, pontuou a estudante.

Sassá e Cecé: ícones da cultura penedense falam sobre época de ouro do Cine Penedo

As irmãs Salete e Cecília Conceição trabalharam como bilheteiras no cinema histórico do município ribeirinho durante os anos 1960

Percorrendo as históricas ruas de Penedo, respiramos cultura e história a cada passo dado. Além das igrejas, prédios históricos e as belas águas do rio São Francisco, também é provável encontrar com duas senhorinhas que carregam em si tanto cinema que suas histórias são dignas do Oscar. As irmãs Salete e Cecília Conceição, conhecidas como dona Sassá e dona Cecé, atuaram como bilheteiras do Cine Penedo na década de 60 e, apesar de tanto tempo, elas contam suas memórias da época como se tivessem acontecido ontem.

“Ah, eu lembro de tudo. Lembro da escada que o público subia pra ir até a sala ver os filmes, do balcão sempre cheio, do pessoal que saía da igreja e esperava na porta do cinema pra pegar logo os ingressos. Foram tempos muito bons da minha vida”, relata dona Cecé, com um largo sorriso no rosto.

As irmãs contam que trabalhavam no Cine Penedo desde adolescentes, e a história começou quando ainda eram funcionárias em outros estabelecimentos pertencentes à família do proprietário do cinema na época. Sassá era costureira. Cecé era balconista em uma butique. Ambas relatam que, desde muito novas, já gostavam de assistir a filmes, esgueirando-se, em pequenas espiadas, nas sessões em cartaz da época, antes mesmo de se tornarem bilheteiras.

Sassá e Cecé com o coordenador geral do Circuito Penedo de Cinema, Sérgio Onofre, na reabertura do Cine Penedo. Crédito: Arantos

Segundo elas, a oportunidade surgiu primeiro para Cecé, que começou a trabalhar no Cine Penedo em meados da década de 60. Durante o dia, continuava como balconista na butique, já a noite ia para o lugar onde conta que viveu os grandes momentos de sua vida: o cinema.

“Tinha um monte de filme que eu nem tinha idade pra ver, porque eu comecei de bilheteira bem novinha, mas via escondido quando ninguém tava olhando. Algumas vezes, o dono do cinema me flagrava e dizia rindo ‘alguém fica de olho na Cecé, ela não pode ver isso não’. Era bom demais”, conta ela, visivelmente empolgada com as memórias.

De acordo com dona Sassá, todas as histórias que a irmã contava sobre o escurinho do cinema instigaram nela o desejo de também trabalhar com aquilo, e não demorou muito até a jovem Salete pedir ao dono do estabelecimento para ocupar uma função semelhante à da irmã. E assim foi feito: Sassá tornou-se bilheteira no Cine São Francisco, mas conta que, por muitas vezes, também trabalhava junto a Cecé no icônico Cine Penedo.

Quando questionadas sobre a época mais movimentada dos cinemas, as irmãs respondem juntas, sem pensar duas vezes: o Festival de Cinema Brasileiro de Penedo. Cecé relata que “os artistas do Brasil inteiro vinham aqui pra Penedo” e lembra com carinho especial da vinda do ator e cantor Ronnie Von à cidade ribeirinha.

“O evento era mais no cinema lá de baixo [Cine São Francisco], mas aconteceu no daqui de cima também [Cine Penedo]. Quando o Ronnie Von veio pra cá, ele só vivia andando com a gente. Lembro que todo mundo dizia ‘eita como eu queria ser a Sassá e a Cecé’, e a gente passava rindo”, relata dona Sassá, com um sorriso no rosto. As irmãs dizem que não lembram se trabalharam em todas as edições do festival, que durou de 1975 a 1982, mas que a cidade inteira vibrava quando chegava a época dessa celebração.

Dona Cecé em entrevista na cerimônia de reinauguração do Cine Penedo. Crédito: Arantos

O fechamento do Cine Penedo, na década de 80, foi um baque para as duas irmãs. Quando questionadas a respeito, as duas respondem, quase em uníssono: “uma das maiores tristezas da vida”. Elas contam que, além de uma grande mudança de rotina, ver o cinema de portas fechadas as fazia lembrar com tristeza de todos os momentos felizes que viveram ali.

A tristeza de Sassá e Cecé perdurou por mais de 40 anos, até que em 2023, na 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema, o Cine Penedo foi reaberto para exibições. Um largo sorriso se abre nos lábios das duas irmãs quando falam sobre a cerimônia de reabertura, momento para o qual as duas foram convidadas de honra. Elas falam sobre como tudo está diferente, mais moderno, mais novo, mas também sobre todas as memórias que vieram à tona quando sentaram ali novamente para assistir a um filme.

“Tá tudo tão diferente, mas também tão igual. As cadeiras, o telão, o escurinho e o frio na barriga quando apagam a luz. Vem tanta coisa na cabeça, que eu quase choro. Uma coisa é certa: se me pedirem pra ser bilheteira de novo, eu aceito”, afirma dona Sassá, com a maior das convicções.

Ação de limpeza e monitoramento do Rio São Francisco reúne estudantes de escola pública de Penedo

Ação vinculada à 10ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental busca conscientizar sobre a preservação do rio

A manhã desta sexta-feira (17) no 13º Circuito Penedo de Cinema foi contemplada com uma iniciativa marcada pela sustentabilidade: uma ação simbólica de limpeza do Rio São Francisco. Além do ato representativo, foi realizado um monitoramento da qualidade da água do rio. As atividades reuniram pesquisadores e professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e também estudantes do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Gabino Besouro, situada em Penedo.

De acordo com o professor pesquisador Cláudio “Buia” Sampaio, que ministrou o momento junto à professora Taciana Kramer, o monitoramento de qualidade das águas do Velho Chico é realizado desde 2016, seguindo diversos critérios e métricas. Ao final de todos os testes, as amostras recolhidas são classificadas em uma escala que vai de “péssimo” a “ótimo”.

“O monitoramento envolve análises com mais de 20 métricas avaliadas, como coloração da água, saturação do oxigênio e presença de compostos químicos. Ao longo dos quase oito anos de análise, o rio São Francisco se manteve no índice regular, o que pra gente é preocupante”, alertou Cláudio. 

Claudio Sampaio e Taciana Kramer, docentes da Ufal responsáveis por conduzir a atividade. Crédito: Nathalia Bezerra

O professor explicou ainda que a iniciativa vem de um projeto de extensão da Ufal, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica e o projeto Meros do Brasil. Segundo o docente, o público principal das ações desenvolvidas são estudantes de escolas públicas da região ribeirinha, mas que é estimulada a participação de toda a população para propagar a mensagem de preservação das águas do rio.

Uma das pessoas cativadas pelas atividades foi o estudante José Edson, de 17 anos, que participou da ação com cerca de 20 colegas de turma. Para ele, foi algo novo e bastante marcante em sua formação.

“Foi algo bem diferente, trazer a aula aqui pra rua e com uma coisa tão importante assim. A gente que veio pra cá tem a oportunidade de espalhar o conhecimento que a gente ganha com atividades assim. Bom mesmo era que todo mundo que estuda tivesse um momento desse”, disse o estudante, que participou ativamente de algumas etapas do monitoramento das amostras de água.

O estudante José Edson, de 17 anos, participou ativamente da ação de monitoramento do Velho Chico. Crédito: Nathalia Bezerra

Vale lembrar que a ação simbólica de limpeza do rio está vinculada à 10ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, realizada nos dias 16 e 17/11 e que recebeu filmes abordando temáticas como a relação humana com o meio ambiente e a sustentabilidade.

Museu Théo Brandão chega ao Circuito Penedo de Cinema com o projeto ‘Museu Vai à Rua’

Exposição conta com peças de artistas como Tania de Maya Pedrosa e Lula Nogueira

O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB), conhecido pelo rico acervo composto por peças que retratam a cultura alagoana, chega à histórica cidade de Penedo como uma das atrações do 13º Circuito Penedo de Cinema. O equipamento cultural traz o projeto “Museu Vai à Rua”, expondo peças de artistas de Penedo e região em estande montado na praça 12 de Abril.

“Na cidade de Penedo, em todos os cantos que você anda, você respira cultura, respira museus. Tendo isso em mente, e levando em conta a relevância de um evento como o Circuito, vimos a oportunidade perfeita para levar esse projeto”, conta a museóloga Hildenia Oliveira, diretora do MTB.

Itens da coleção de Tanya de Maya Pedrosa, artista homenageada pelo 13º Circuito Penedo de Cinema. Crédito: Bruno Vieira

A diretora explica que os artefatos do acervo estão expostos em um estande ao ar livre com todos os cuidados necessários, como espaço refrigerado e proteção contra a luz direta. Vale lembrar que a exibição será aberta a todos os visitantes, de maneira totalmente gratuita, até o domingo, último dia do evento.

Entre as peças expostas pelo Museu Théo Brandão, estão os itens dos ícones da arte naif Tania de Maya Pedrosa e Lula Nogueira, ambos homenageados pelo Circuito Penedo de Cinema deste ano. Aliás, toda a identidade visual do evento foi pensada com base em obras dos dois artistas.

Totem da coleção de Lula Nogueira, artista também homenageado pelo evento. Crédito: Bruno Vieira

O projeto ‘Museu Vai à Rua’ consiste em exposições itinerantes que levam a cultura alagoana para diferentes espaços públicos, por meio do diverso acervo do Museu Théo Brandão. Para Hildenia Oliveira, a iniciativa serve como oportunidade de expandir o MTB para além do próprio prédio.

“O objetivo é levar o museu a todos os lugares, construindo narrativas desse grande universo que é o Museu Théo Brandão. Ao fazer isso em um evento como o Circuito Penedo de Cinema, conseguimos dar relevância à arte local, promovendo tudo isso a nível nacional”, conclui a diretora.

Mostra de Cinema Infantil provoca sorrisos e reflexões no 13º Circuito Penedo de Cinema

Filmes exibidos trouxeram críticas e temáticas sensíveis de maneira lúdica e criativa para toda a família

Nos dias 16 e 17 de novembro, o antigo Cine São Francisco foi palco da 13ª Mostra de Cinema Infantil, que exibiu 11 filmes de maneira totalmente gratuita, na missão de estabelecer um diálogo forte da educação com temas sociais, culturais e políticos. Os momentos foram marcados por muita diversão e reflexão sobre várias temáticas que dizem respeito à sociedade contemporânea.

Filmes exibidos abordaram problemáticas sociais de maneira lúdica e encantadora. Crédito: Nathalia Bezerra

Reunindo pais, filhos, alunos e professores, a mostra faz parte da programação do 13º Circuito Penedo de Cinema, e reuniu centenas de pessoas nos dois dias de exibição para viver uma experiência cinematográfica de conscientização. Segundo a professora e intérprete de Libras Joseane do Espírito Santo, que realizou a curadoria ao lado da professora Camilla Porto e do jornalista Devyd Santos, a principal proposta é unir cinema e educação.

“Nós buscamos um olhar pedagógico, analisando as temáticas apresentadas nos filmes e como elas dialogam com questões contemporâneas na educação de crianças e adolescentes”, contou Joseane. A professora ainda destacou que os filmes abordam temáticas como inclusão, sustentabilidade, empoderamento feminino e o uso das redes sociais.

O público infantil foi agraciado com produções educativas e divertidas. Foto: Bruno Vieira

Joseane ainda destacou que a Mostra de Cinema Infantil é, acima de tudo, sobre tornar acessível a experiência de ir ao cinema, exibindo conteúdo divertido e de qualidade. A professora afirmou que, para muitas das crianças que participaram do evento, era a primeira vez que assistiam a um filme na grande tela.

“Entendemos que a perspectiva do cinema unido à educação é fundamental no processo de formação, aprendizagem e desenvolvimento das crianças e adolescentes. Tornar isso acessível, como o Circuito torna, precisa ser visto como algo urgente”, reiterou Joseane.

Mostra Livre de Cinema exibe filmes para a população em espaço público

Com produções para toda a família, a exibição ocorreu em um telão instalado na Praça 12 de Abril

A Praça 12 de Abril, em Penedo, foi palco do segundo dia da Mostra Livre de Cinema na noite desta quarta-feira (15), exibindo oito filmes de maneira totalmente gratuita para todos os que estavam no local. A iniciativa do 13º Circuito Penedo de Cinema, que fica ativa até sábado (18), tem como objetivo expandir o acesso às produções audiovisuais para a população local.

A mostra, que reuniu diversas pessoas para viver a experiência cinematográfica de se reunir ao redor do telão instalado em praça pública, atraiu gente de todas as idades. A estudante de história Ana Stefany convenceu toda a família a viver esse momento com ela, levando a mãe, o pai, o tio, a avó e o irmão.

“Desde muito nova”, relembrou, “eu amo tudo o que é ligado à arte do cinema: as histórias, as imagens, as emoções”. Segundo ela, este é o segundo ano que assiste aos filmes da Mostra Livre do Circuito. “Ter esse telão aqui, disponível para todo mundo ver, é algo que sempre me cativa a trazer todo mundo que eu puder”, explicou a estudante.

Reunido na praça, o público assiste aos filmes da Mostra Livre de Cinema. Crédito: Kamylla Rafael

Todos os filmes exibidos na mostra possuem classificação indicativa livre para todos os públicos, sendo eles: “Meu arado feminino”, “Nonna”, “A padroeira”, “Terra em que pisar”, “Açude N°50”, “O que a natureza nos contou”, “A voz da esperança” e “Noite no sítio”.

Segundo Vera Rocha, que realizou a curadoria da mostra com auxílio das estudantes de engenharia da pesca Cristina Marques, Sibele Santos e Elen Silva, os filmes escolhidos tinham como função principal levar educação por meio do cinema. “Ao selecionar os filmes, nosso objetivo foi trazer toda a família na praça com o principal propósito de educar”, afirmou.

Por isso, as temáticas das obras foram escolhidas a dedo. “São filmes que falam sobre os quilombolas, o meio ambiente, as redes sociais e outros diversos temas para que quem assiste possa refletir”, contou Vera. A curadora disse ainda que a mostra rompe diversas barreiras, uma vez que atravessa os muros do cinema e leva a sétima arte para um espaço público de maneira totalmente gratuita.

Os filmes exibidos abordam questões como a preservação do meio ambiente e respeito aos povos indígenas. Crédito: Kamylla Rafael

Para o músico penedense Alex Rocha, a iniciativa atua também como uma forma de unir os moradores da região em uma atividade comum. “Depois de passar dois anos trancados em casa, temos essa oportunidade de juntar as pessoas, de unir todo mundo aqui pra assistir. Se isso não é algo incrível, eu não sei o que é”, disse Alex, visivelmente animado com as exibições.

Circuito Penedo de Cinema discute conquistas femininas com “Lobby do Batom”

Exibição do documentário foi sucedida por um debate com Gabriela Gastal, diretora do longa-metragem

A 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema foi agraciada, na tarde desta terça-feira (14), com a exibição do documentário “Lobby do Batom”, que retrata um breve período no qual os avanços do movimento feminista foram capazes de mudar a Constituição Brasileira. Logo após o filme, houve um debate com a diretora do longa-metragem Gabriela Gastal, a secretária da mulher do município de Penedo, Mariana Barbosa, e a radialista penedense Martha Martyres.

Exibido no Cine Penedo, o documentário faz parte da Sessão Especial Cinema e História, inserida na Mostra de Longa-metragem Nacional. A produção conta com depoimentos de parlamentares femininas dos anos 1980, fazendo um apanhado das reivindicações responsáveis pelo surgimento do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), cujo maior feito foi a Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes. Nadando contra a maré de machismo e misoginia que imperavam na época, as deputadas desenvolveram uma causa nacional, buscando unir movimentos feministas de todos os estados do Brasil

Gabriela Gastal, diretora do longa-metragem “Lobby do Batom”. Crédito: Nathalia Bezerra

A união dessas parlamentares foi batizada de “lobby do batom” por colegas homens, título inicialmente pejorativo, mas que elas buscaram ressignificar e fazer dele um símbolo de luta. Entre as entrevistadas para o documentário, estão Anna Maria Rattes, Schuma Schumaher e Benedita da Silva, que, em suas falas, destaca também suas batalhas pessoais como mulher negra durante esse período.

Após a exibição do documentário, o debate foi iniciado com uma breve fala da diretora Gabriela Gastal a respeito do processo de produção e dos recortes que queria trazer para a narrativa do documentário. “Algo que quis mostrar é que não existe algo específico sobre ser mulher. São mulheres diversas, com recortes de raça, classe social, escolaridade, mas que tinham um objetivo em comum: lutar pelo fim da desigualdade”, comentou a diretora.

Para a secretária da mulher do município de Penedo, Mariana Barbosa, o filme foi “um divisor de águas em relação aos conhecimentos da luta feminista”. Ela acrescentou, ainda, que, no mesmo dia da exibição, aconteceu a primeira reunião da comissão pelos direitos da mulher em Penedo.

Mariana Barbosa, Gabriela Gastal e Martha Martyres durante a fala da Secretária da Mulher do município de Penedo. Foto: Nathalia Bezerra

Já a radialista Martha Martyres contou um pouco de sua trajetória na comunicação, e sobre como o quadro “Papo de Mulher”, idealizado por ela na rádio em que trabalhava na época dos acontecimentos do “lobby do batom”, foi amplamente atacado por julgamentos machistas. Martha contou que, apesar das críticas, seguiu e segue lutando por uma sociedade mais justa na comunicação e em todas as áreas.

“Muitas vezes, tudo o que eu pensava era ‘vou parar’, mas nunca parei. Hoje em dia, quando eu vejo um documentário como esse, penso novamente em continuar e não parar nunca mais”, finalizou a radialista.

Oficina de stop motion instiga imaginação e criatividade dos participantes

Atividade ministrada pela professora Andrea Paiva é promovida pelo 13º Encontro de Cinema Alagoano

“Essa é uma das formas mais acessíveis de se fazer cinema, porque a partir da junção de alguns cliques, você consegue dar vida a praticamente qualquer objeto que estiver à sua disposição”. Foi o que disse a professora Andrea Paiva, docente da Universidade Federal de Alagoas (a Ufal), a respeito da técnica de animação stop motion, sobre a qual promoveu uma oficina na manhã desta quarta-feira (14), que segue até o sábado (18).

Realizada no Centro de Cultura e Extensão Universitária (CCEU) da Ufal, como parte do 13º Encontro de Cinema Alagoano, a oficina busca promover noções iniciais a respeito do stop motion, técnica de animação que trabalha com a junção de fotografias de um mesmo objeto ou pessoa, capturadas quadro a quadro (ou frame por frame) para reproduzir movimentos.

Alguns do elementos utilizados em produções de stop motion realizadas pela professora Andrea Paiva. Crédito: Nathalia Bezerra

No primeiro dia da oficina, os participantes puderam ter as primeiras noções de gestão de ideias e pensamento criativo, criação de storylines e desenvolvimento de roteiros e storyboards. De acordo com Andrea, a ideia é produzir um pequeno curta-metragem ao longo das aulas para ser exibido ao fim do 13º Circuito Penedo de Cinema.

A professora ressaltou que iniciou seus trabalhos com essa técnica de animação como uma forma alternativa de trabalhar a educação ambiental, e que a oficina assumiu o compromisso de ser um espaço de formação para traçar um paralelo entre o stop motion e a educação.

Os alunos produzirão alguns frames em stop motion até o fim da oficina. Foto: Nathalia Bezerra

“Eu ministro uma disciplina de desenvolvimento de atividades de extensão, então tive essa ideia de trabalhar questões ambientais com crianças e professores do ensino público por meio do stop motion”, contou a oficineira. “Com isso”, esclareceu, “pude fazer essa junção de cinema com educação, que pretendo trazer um pouco aqui na oficina”.

A professora Andrea Paiva costuma produzir animações em stop motion para conscientizar sobre causas ambientais. Foto: Nathalia Bezerra

Para o estudante Juan Pablo, graduando em Artes Visuais, o stop motion sempre foi objeto de fascínio. “O stop motion sempre me encantou, porque tudo o que você está vendo em tela tem o toque e o olhar humanos”, explicou. Nesse sentido, Juan revelou sua empolgação para o desenvolvimento das atividades da oficina. “Meu desejo em produzir animações em stop motion é justamente por isso: quero construir algo e deixar a marca do meu esforço em cada pedacinho, ou, nesse caso, em cada frame”, afirmou.