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Longa-metragem dirigido pelo saudoso Pedro da Rocha retrata a violenta votação pelo impeachment do governador Muniz Falcão

Quando se fala em impeachment, é impossível imaginar diversas figuras políticas armadas até os dentes, prontos para a guerra. Contudo, foi exatamente isso o que aconteceu durante a votação para exonerar o ex-governador de Alagoas Muniz Falcão do seu cargo. Esse faroeste político da vida real é a história retratada em “O Impeachment – Setembro, 1957, Sexta-Feira 13”, do saudoso cineasta alagoano Pedro da Rocha, exibido na noite deste domingo (19) no 13º Circuito Penedo de Cinema.

O longa-metragem é centrado na figura de Muniz Falcão, um advogado e jornalista alagoano que governou o estado entre os anos de 1956 e 1961. Durante seu mandato, em 1957, Falcão sofreu um processo de impeachment, cujos principais motivos alegados eram os embates altamente violentos entre o grupo político que o apoiava e aquele que fazia oposição ao governo.

Espectadores assistiram atentamente ao episódio da história alagoana retratado no longa. Crédito: Bruno Vieira

O ponto chave do processo de impeachment sofrido por Muniz Falcão foi a votação para deflagrar sua exoneração, ocorrida em 13 de setembro de 1957. Aliados e opositores apareceram na Assembleia Legislativa de Alagoas fortemente armados, e o dia foi marcado por um conflito trágico. A barbárie culminou na morte do então deputado Humberto Mendes, sogro de Muniz Falcão.

A exibição do longa-metragem foi sucedida por um debate com o ator e roteirista Tairone Feitosa e o jornalista e historiador Geraldo de Majella. Na ocasião, os convidados responderam a questionamentos sobre o contexto histórico em que se passa o filme, e como o cenário de violência política retratado na narrativa pode ser equiparado aos dias de hoje.

“O Impeachment – Setembro, 1957, Sexta-Feira 13” é o último título de Pedro da Rocha, falecido em 2021. Com mais de 20 filmes produzidos, o cineasta é um dos maiores nomes do cinema alagoano. Nascido em Junqueiro, em 1957, coincidentemente o mesmo ano da votação do impeachment que sua obra relata, dedicou sua vida à produção audiovisual.

A produtora do filme e viúva de Pedro da Rocha, Vera Rocha, relatou a imensa responsabilidade de trazer à tona uma história praticamente esquecida, mas destacou que o maior desejo do marido era levar conhecimento do povo alagoano para o povo alagoano.

“É de uma importância muito grande trazer esse filme pra cá de forma gratuita, acessível a quem quiser ver. Nós costumamos aprender a história dos outros, enquanto a nossa a gente esquece. Como desejo dele [Pedro da Rocha], a gente trouxe essa história em forma de filme, para que nunca mais seja esquecida”, contou Vera Rocha, afirmando que faz questão de estar presente em todas as sessões de “O Impeachment” que conseguir.