Exibição do documentário foi sucedida por um debate com Gabriela Gastal, diretora do longa-metragem
A 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema foi agraciada, na tarde desta terça-feira (14), com a exibição do documentário “Lobby do Batom”, que retrata um breve período no qual os avanços do movimento feminista foram capazes de mudar a Constituição Brasileira. Logo após o filme, houve um debate com a diretora do longa-metragem Gabriela Gastal, a secretária da mulher do município de Penedo, Mariana Barbosa, e a radialista penedense Martha Martyres.
Exibido no Cine Penedo, o documentário faz parte da Sessão Especial Cinema e História, inserida na Mostra de Longa-metragem Nacional. A produção conta com depoimentos de parlamentares femininas dos anos 1980, fazendo um apanhado das reivindicações responsáveis pelo surgimento do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), cujo maior feito foi a Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes. Nadando contra a maré de machismo e misoginia que imperavam na época, as deputadas desenvolveram uma causa nacional, buscando unir movimentos feministas de todos os estados do Brasil
A união dessas parlamentares foi batizada de “lobby do batom” por colegas homens, título inicialmente pejorativo, mas que elas buscaram ressignificar e fazer dele um símbolo de luta. Entre as entrevistadas para o documentário, estão Anna Maria Rattes, Schuma Schumaher e Benedita da Silva, que, em suas falas, destaca também suas batalhas pessoais como mulher negra durante esse período.
Após a exibição do documentário, o debate foi iniciado com uma breve fala da diretora Gabriela Gastal a respeito do processo de produção e dos recortes que queria trazer para a narrativa do documentário. “Algo que quis mostrar é que não existe algo específico sobre ser mulher. São mulheres diversas, com recortes de raça, classe social, escolaridade, mas que tinham um objetivo em comum: lutar pelo fim da desigualdade”, comentou a diretora.
Para a secretária da mulher do município de Penedo, Mariana Barbosa, o filme foi “um divisor de águas em relação aos conhecimentos da luta feminista”. Ela acrescentou, ainda, que, no mesmo dia da exibição, aconteceu a primeira reunião da comissão pelos direitos da mulher em Penedo.
Já a radialista Martha Martyres contou um pouco de sua trajetória na comunicação, e sobre como o quadro “Papo de Mulher”, idealizado por ela na rádio em que trabalhava na época dos acontecimentos do “lobby do batom”, foi amplamente atacado por julgamentos machistas. Martha contou que, apesar das críticas, seguiu e segue lutando por uma sociedade mais justa na comunicação e em todas as áreas.
“Muitas vezes, tudo o que eu pensava era ‘vou parar’, mas nunca parei. Hoje em dia, quando eu vejo um documentário como esse, penso novamente em continuar e não parar nunca mais”, finalizou a radialista.